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TEXTO DA PEÇA – SOS MEIO AMBIENTE
(Esta cidade será terra de Surdo, Mudo e Cego?)

(AUTORIA: Tadeu Patrício e Madalena Accioly)


PERSONAGENS:


DONA DE CASA

MOTORISTA

REPENTISTA

BÊBADO

APRESENTADOR
                        
PRESIDENTE

1º VEREADOR (ZÉ CAÇAMBA)

2º VEREADOR (JOÃO PROPINA)

3º VEREADOR (DAMIÃO DINHEIRO FÁCIL DA SILVA).

PRÓLOGO:

PARÓDIA DA MÚSICA – Xote Ecológico (Luiz Gonzaga)

                                                                   
1.    Não posso respirar / Não posso mais cantar
Meus olhos estão ardendo / Não dá mais prá enxergar
Se a casa ficar suja? Não posso mais limpar?
Até quatro navios lá no porto vai chegar? (2x)
                            
2.    Cadê o ar daqui? Poluição comeu!
As donas de casa? Como já sofreu!
O verde onde é que está poluição comeu!
Foi o petcoke que escureceu!
                                                   
3. Cadê o ar daqui? Poluição comeu!
E o trabalhador? Salário corroeu!
E a vida onde ela está poluição comeu!
Inté sua saúde ele já perdeu!

1ª CENA (ENTRA A DONA DE CASA CANTANDO)

DONA DE CASA – Lava a roupa todo dia, que agonia, esse pó preto é uma desgraça.... mas que porcaria....

(ENTRA UM ATOR DIRIGINDO UM CAMINHÃO DE PETCOKE)

MOTORISTA – Ei gostosa!

DONA DE CASA – (Faz um gesto com o dedo médio)

MOTORISTA – (Liga o som da caçamba que toca a música do Beto Barbosa – Preta).

Preta fala pra mim
Fala o que você sente por mim, oi, oi, oi, ô, ô.
Preta fala pra mim
Fala o que você sente por mim.

Será que vou, será que você me quer
Será que você vai ser a minha mulher.
Será que vou, será que você me quer
Será que você vai ser a minha mulher, oi, oi, o,i ô, ô.

Oh Preta....
DONA DE CASA – Desgraçado vai fazer barulho na casa de sua mãe, corno! Olha só a merda que ele fez? Melou toda roupa que acabo de estender no varal? Ah, esse motorista me paga! Se voltar por aqui eu prometo furar os pneus da caçamba. (Sai de cena reclama, ginga e esculhambando o motorista).

2ª CENA (ENTRA O POETA POPULAR RECITANDO UNS VERSINHOS)

PARÓDIA DA MÚISCA – NORDESTE INDEPENDENTE (Ivanildo Villa Nova, Bráulio Tavares e Elba Ramalho)

REPENTISTA – Os políticos, / esses que deveriam resolver e solucionar os problemas sérios do município, / eles permanecem calados em seus gabinetes. / Mas quando se aproxima o ano das eleições, / eles saem por aí, / distribuindo sorrisos, / apertando as mãos das pessoas, / tapinhas nas costas do povo, / aqui e acolá, não é! / Eles colocam seus óculos escuros cara, / pegam seus carros importados com acondicionado, vidros fumê, / dão uma voltinha pela cidade, / se certificam de que há buracos nas ruas, / poeira e lama, / postes com lâmpadas queimadas, / e entra ano e sai ano, / nada acontece, / e o município continua ao Deus dará. / Então diante destas circunstâncias todas, / é que o poeta popular já está fazendo música, / coisa engraçada, evidentemente, mais ou menos assim: / “Imagine o voto merecido e o cidadão ficar independente”. Então, senhores e senhoras, escutem o som desta viola:

Já que existe aqui esse conceito
Que o voto vendido ele é ingrato
Já que isto é real e é um fato
É preciso acabar com esse defeito.
Quando o eleitor tiver o seu respeito
Todos dois vão ganhar imensamente
Respeitando o voto consciente
É o que espera um dia ser vivido
Imagine o voto merecido
E o cidadão ficar independente.

DECLAMADO: Povo do meu Brasil, políticos brasileiros, não pensem que vocês nos enganam, porque o nosso povo já não é mais besta!”

(ENTRA O BÊBADO)
BÊBADO – Pára! Pára! Pára! Por que tanta radicalização? Ô gente, dê nova afinação!

3ª CENA (OS VEREADORES CHEGANDO À CÂMARA MUNICIPAL)
        
(ENTRA OS VEREADORES QUE SE DIRIGEM PARA A CÂMARA MUNICIPAL, ENQUANTO ISSO UM GRUPO DE FORROZEIRO CANTAM A PARÓDIA DA MÚSICA MEU PAÍS – FLÁVIO JOSÉ)

MÚSICA: MEU PAÍS

REFRÃO:
               
Tô vendo tudo, tô vendo tudo!
Mas bico calado eles pensam que sou mudo!
Tô vendo tudo, tô vendo tudo!
Mas bico calado eles pensam que sou mudo!

1.  Uma casa que não cumpre o seu papel,
E o prefeito também não fiscaliza
Onde o povo não tem voz e não tem vez.
De uma classe que tudo já contamina
Se o eleitor que recebe a propina
Com certeza vai votar no infeliz,
E se a gente quer um dia ser feliz
Consciência do voto é o que se quer:
Pois meu voto não é de quem quiser
Com certeza, é pra mudar o meu país.

4ª CENA – (DESFILE DOS VEREADORES)

(Entram três atores conforme anunciado como se fosse um desfile de miss. Barulho de aplauso do povo).

APRESENTADOR – Atenção Senhores e Senhoras: Ai vem ele, trajando paletó a grife “o defunto era menor”. Na passarela do legislativo Ele: Vereador Zé Caçamba. (Aplauso e gritos do povo);

APRESENTADOR – E agora, vamos chamá-lo: ele, muito elegante, trajando paletó impecável com a grife demo der, o dinheiro não é meu por isso eu gasto. Ele: Vereador João Propina. (Aplauso e gritos do povo);

APRESENTADOR – E para encerrar esta última apresentação do desfile, nada mais, nada menos que, a grande sensação das passarelas de pedestre da Br. 230, com todo o seu chame, perfume “La-butikeite” o feiticeiro das raparigas da Maciel Pinheiro, o inconfundível, trajando paletó a grife “o dinheiro não é meu por isso eu compro carro importado, gasto minhas diárias na Praia de Tambaba. Ele: Vereador Damião Dinheiro Fácil da Silva. (O povo começa a raivar e jogar petcoke nos vereadores);

(A multidão fica agitada e os vereadores com medo fogem para dentro da câmara municipal pedindo ajuda aos seguranças e a guarda municipal).

TODOS VEREADORES – Guardas! Seguranças! Fecha a porta, fecha a porta!

VEREADOR ZÉ CAÇAMBA – Ô povo feio!

VEREADOR JOÃO PROPINA – Que povo sujo!

VEREADOR DAMIÃO – Que Povo fedido!

VEREADOR ZÉ CAÇAMBA – Estão sujos de petcoke!

VEREADOR JOÃO PROPINA – Eu não ajudo mais nenhum deles!

VEREADOR DAMIÃO – Se a gente não é espeto e não correm depressa para o plenário eles sujavam a gente com pó de petcoke.

TODOS: Bactérias! Bactérias! Bactérias! (2x)
             Cancerígeno! Cancerígeno! Cancerígeno! (2x)

PRESIDENETE – Silêncio, silêncio nessa sessão. Ora sebo! A palavra está facultada ao excelentíssimo senhor vereador, Zé Caçamba.

VEREADOR ZÉ CAÇAMBA – Senhor Presidente e demais pares dessa casa, quero dizer-lhes apenas umas palavrinhas: o coque de petróleo, mais conhecido como petcoke, é um combustível fóssil sódio, derivado do petróleo, de cor negra, é um subproduto, conhecido como borra do petróleo. Ele causa apenas uma poeirinha na cidade... (A população vaia), quando é transporte nas caçambas e não faz mal a ninguém... (A população vaia)... O que está acontecendo aqui, senhor presidente, é muita desinformação da população... (A população vaia)... Pois como eu ia dizendo seu Presidente, este produto polui muito pouco o meio ambiente.... (A população vaia)... A verdade, é que as donas de casa são muito preguiçosas... (A população vaia)... fica o tempo todo vendo a TV e esquecem de limpar as suas casas... (A população vaia), não querem nem passar um paninho no chão porque estraga as urnas... (A população vaia)... não querem nem limpar as cadeiras de suas casas para receber uma visita.... (A população vaia)....

VEREADOR JOÃO PROPINA – Senhor Presidente, poderia ter uma parte na fala do vereador Zé Caçamba?

PRESIDENTE – Concedido Vereador João Propina, dentro dos conformeis regimentais, a palavra tá facultada:

VEREADOR JOÃO PROPINA – Obrigado excelência: quero reforçar as palavras de vossa Excelência, vereador João Caçamba, pois concordo com vossa excelência que o petcoke é um pozinho que não ofende a ninguém, que qualquer um pode respirar sem medo algum. Soube que um trabalhador da Petrobrás, que trabalhou num desses navios por mais de 20 anos, nunca ficou doente por causa do petcoke. Ele disse que poderia fazer exame nele, pois seu pulmão estava limpinho, limpinho; Disse ainda que essa estória que o produto do petcoke é cancerígeno, é conversa pra boi dormir. É só isso o que tenho a dizer vossa excelência, meu muito obrigado. (A população vaia)....

VEREADOR ZÉ CAÇAMBA – Senhor Presidente, essa agitação entre o povo, é apenas intriga da oposição, dos invejosos de plantão pelos nossos trabalhos realizados nessa casa do povo. Eles têm inveja nossa, da união e da forma como admiramos a gestão do Senhor Prefeito. Quero dizer em alto e bom som que essa história que o petcoke polui meio ambiente, é puramente mentira colocada pela mídia e cientistas de plantão metidos a repórteres nestes sites e jornais que difama a administração do prefeito....    

(TOCAR-SE A MÚSICA – Mentira de Evaldo Braga). Mentira, mentira, mentira, eu sei que é mentira, mentira, mentira, desse povo que tem preguiça de limpar a sua casa.... e tenho dito: (Repete o refrão da música)

VEREADOR DAMIÃO – Senhor Presidente, o povo presente na galeria está sujo de petcoke. Peço a vossa excelência que tome as providências cabíveis para não deixar eles sentados nas cadeiras do plenário, já que é um patrimônio do povo, vão sujá-las.... (A População vaia) Dê ordens aos guardas para retirarem da galeria, eles devem voltar as suas casas para tomar um banho, pois parecem uns bichos.... (A população vaia)

PRESIDENTE – Senhor Vereador Damião Dinheiro Fácil da Silva, estou atendo essa sua observação, aplicarei o regimento interno da casa para impedir tal participação deles nessa galeria.

VEREADOR DAMIÃO – Senhor Presidente, o povo tem o direito de não ter direito. E o petcoke é um pozinho tão inócuo, quer dizer: inofensivo. É besteira desse povo querer inviabilizar a vinda de navios para o Porto, pois podem gerar desemprego a nossa população. (A população vaia)   


PARÓDIA DA MÚSICA – CIDADÃO
COMPOSITORES - LÚCIO BARBOSA E ZÉ GERALDO
                                         
Tá vendo aquele vereador, moço?
Ajudei ele ganhar: Foi difícil aquela eleição
Ninguém tinha um tostão, nem pra ir, nem pra voltar.
Hoje é um vereador, foi na urna vencedor.
Mas quando chegar a eleição
Já me diz desconfiado, o teu tá bem guardado
Vou depois é te comprar.
Meu domingo tá perdido
Vou prá casa entristecido
Dá vontade de beber
E prá aumentar meu tédio
Vejo que ele não é sério
Eu ajudei a eleger. (Bis)

5º CENA – HOMEM DAS CARVENAS

(Entra ator vestido de homem das cavernas fazendo um fogo com fumaça de incenso)

Deixa à fumaça entrar
Deixa à fumaça entrar na casa
Deixa à fumaça entrar. (2x)

1.  Deixa à fumaça entrar nos olhinhos
Deixa à fumaça entrar.

2.  Deixa à fumaça entrar no ouvidinho
Deixa à fumaça entrar.

3.  Deixa à fumaça entrar na boquinha
Deixa à fumaça entrar.

4.     Deixa à fumaça entrar no pulmãozinho
Deixa à fumaça entrar
Deixa à fumaça entrar
Deixa à fumaça entrar.... (Tosse constantemente)

DONA DE CASA – Ei, pessoal, parou, parou. Que tanta fumaça é essa? O que vocês pensam que estão fazendo, em? Tocando fogo nessa praça, prejudicando planeta com essa fumaça nojenta, não posso nem lavar mais roupas. Nós precisamos respirar, respirar, pense nisso, apague esse fogo e colabore com o planeta.

GRUPO DE POETAS: (MILHOS AOS POMBOS – ZÉ GERALDO)

Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça
Dando milho aos pombos (2x)

BÊBADO – Eu não vou dá milho aos pombos é porra nenhum. Eu vou é protestar contra esse petcoke. Ô mãe!

O POVO GRITA: Roberto Carlos, Roberto Carlos...

BÊBADO – É a mãe! É a mãe! Filha da puta!....

(Assistam o vídeo da Música - O Progresso - Roberto Carlos - 1976)




MÚSICA: O Progresso (Roberto Carlos)

1.    Eu queria poder afagar uma fera terrível
Eu queria poder transformar tanta coisa impossível
Eu queria dizer tanta coisa
Que pudesse fazer eu ficar bem comigo
Eu queria poder abraçar meu maior inimigo.
  1. Eu queria não ver tantas nuvens escuras nos ares
    Navegar sem achar tantas manchas de óleo nos mares
    E as baleias desaparecendo
    Por falta de escrúpulos comerciais
    Eu queria ser civilizado como os animais.
REFRÃO:
Lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá
Eu queria ser civilizado como os animais.
  1. Eu queria não ver todo o verde da terra morrendo
    E das águas dos rios os peixes desaparecendo
    Eu queria gritar que esse tal de ouro negro
    Não passa de um negro veneno
    E sabemos que por tudo isso vivemos bem menos.
  1. Eu não posso aceitar certas coisas que eu não entendo
    O comércio das armas de guerra da morte vivendo
    Eu queria falar de alegria
    Ao invés de tristeza, mas não sou capaz
    Eu queria ser civilizado como os animais
REFRÃO:
Lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá,
Eu queria ser civilizado como os animais. (2x)
  1. Não sou contra o progresso, mas apelo pro bom senso
    Um erro não conserta o outro isso é o que eu penso.
Eu não sou contra o progresso, mas apelo pro bom senso
Um erro não conserta o outro isso é o que eu penso.

                                       FIM