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Formação da Mesa - Da esquerda: Fernando Borges, Nàugea Araújo,
José Calistrato, Alexandre Guedes, Deputado Aníso Maia,
Paulo Geovani, Edval Nunes, Graça Rezende e Antonio Almeida. |
A sessão especial desta sexta-feira
(18/10) na ALPB trouxe ao conhecimento público diversas denúncias de
perseguição, tortura, assassinato e desaparecimento de corpos durante as duas
décadas em que vigorou a Ditadura Militar no Brasil, e mesmo nos anos que a
precederam. Num momento histórico para a Casa, com um plenário lotado, formado
por militantes políticos, trabalhadores da limpeza urbana e estudantes
secundaristas, foram homenageados, a partir da propositura do deputado estadual
Anísio Maia (PT), dez militantes que resistiram ao golpe militar de 1964, à
repressão do regime e à força do latifúndio.
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Professora Paula Frassinete |
A professora e militante Paula
Frassinete apresentou uma breve biografia de João Pedro Teixeira, Pedro Inácio
de Araújo (Pedro Fazendeiro), João Alfredo Dias (Nego Fuba), Margarida Maria
Alves, Umberto Câmara Neto, João Roberto Borges de Souza (todos paraibanos),
Emmanuel Bezerra dos Santos (potiguar), Gregório Lourenço Bezerra
(pernambucano), Manoel Lisboa de Moura (alagoano) e Carlos Marighella (baiano).
Em seguida, falaram os presentes à mesa.
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Deputado Anísio Maia |
O deputado Anísio Maia justificou a realização da
sessão afirmando que o que aconteceu no Brasil, a partir do dia 01 de abril de
1964, foi uma sucessão de arbitrariedades, de atos ilegais e ilegítimos.
“Durante 20 anos, não tivemos presidente em nosso País, mas sim um ditador de
plantão, que governava à base da força, sem ter recebido um único voto popular.
O Governo dos EUA e as elites brasileiras preparam um golpe de Estado para
barrar o processo democrático que se desenrolava aqui, com importantes reformas
de base, a exemplo da reforma agrária, e entregaram tudo aos grandes interesses
privados nacionais e internacionais”.
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Dr. Paulo Geovani - Presidente Comissão Estadual da Verdade |
O professor Paulo Giovani, presidente
da Comissão Estadual da Verdade e Preservação da Memória, fez um relato das
atividades que vêm sendo desenvolvidas, como a pesquisa documental e a coleta
de depoimentos por meio de audiências públicas, e anunciou que foi solicitada à
Comissão Nacional da Verdade que convoque para depor alguns torturadores e
agentes da repressão paraibanos, a exemplo do major Cordeiro, responsável pelas
mortes de Pedro Fazendeiro e Nego Fuba, logo após estes serem libertados da
cadeia.
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Náugea Araújo filha de Pedro Fazendeiro morto durante o regime militar
recebe do Presidente da Comissão Estadual da Verdade uma homenagem póstuma.
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Edival Nunes Cajá |
Edival Nunes Cajá, paraibano radicado
em Recife, saudou o público em nome do Partido Comunista Revolucionário (PCR) e
da articulação nacional de Comitês Memória, Verdade e Justiça. “O PCR, ao ser
fundado em 1966, já tinha por objetivo a derrubada da Ditadura Militar e a
construção de uma Revolução Socialista no Brasil. Por isso, já esperávamos ser
alvo de uma forte repressão, mas eles nos atacaram, e a todas as outras
organizações, de uma forma muito baixa. Até mesmo numa guerra existem tratados
para reger as relações entre as partes conflitantes e, uma das normas
internacionais consagradas é a garantia de que os corpos dos que tombaram sejam
entregues aos seus para que se dê um sepultamento digno. Não foi o que
aconteceu. Até hoje, dos mais de 500 mortos daquele período, 153 corpos
continuam desaparecidos. Com certeza, para estas 153 famílias a Ditadura ainda
não acabou. Precisamos ampliar esta e outras denúncias e lutar para que os
responsáveis por estes crimes sejam efetivamente punidos e postos na cadeia”.
Cajá representou, na ocasião, os dirigentes do PCR assassinados, lembrando que,
no último mês de setembro, completaram-se 40 anos do assassinato de Manoel
Lisboa, Emmanuel Bezerra e Manoel Aleixo.
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José Calistrato - Comitê Paraibana da Memória, Verdade e Justiça |
José Calistrato, representando o
Comitê Paraibano Memória, Verdade e Justiça, falou de sua experiência na
resistência armada à Ditadura Militar e ressaltou a trajetória de Carlos
Marighella, um dos homenageados, fundador e principal dirigente da Ação
Libertadora Nacional (ALN).
Representando as famílias dos homenageados, dois importantes depoimentos foram dados e agora estão registrados nos anais da ALPB: Náugea Maria Araújo, filha de Pedro Fazendeiro, e Fernando Borges, irmão de João Roberto Borges de Souza.
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Náugea Araújo filha de Pedro Fazendeira
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Náugea conseguiu emocionar a todos
contando detalhes da última visita que fez a seu pai no 15º Regimento de
Infantaria do Exército, em João Pessoa, e de como a família passou também a ser
discriminada e perseguida ao longo de vários anos após a morte de Pedro
Fazendeiro, finalizando com um forte apelo ao representante da Comissão
Estadual da Verdade: “A única coisa que peço é que ajudem nossa família a dar
um enterro digno a meu pai”.
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Fernando Antonio Borges de Souza |
Já Fernando Borges agradeceu bastante
à homenagem a seu irmão, ressaltando que a ALPB se somava a outras duas
homenagens feitas recentemente, pois o auditório da Reitoria da UFCG (que se
chamava Gillardo Martins, reitor que perseguiu estudantes) e uma praça em
Cabedelo (que se chamava Garrastazu Médici) agora levam o nome de João Roberto
Borges de Souza.
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Graça Rezende - Vereadora de Cabedelo |
A Vereadora de Cabedelo Graça Rezende, destacou a homenagem que a Câmara Municipal de Cabedelo fez ao então estudante de medicina, João Roberto Borges de Souza e que o município de Cabedelo foi pioneiro em aprovar uma lei municipal mudando o nome de uma Praça de um Ditador para colocar o nome de um jovem socialista que representa o povo Cabedelo, da Paraíba e do Brasil.
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Fernando Ribeiro, filho de Antonio Bolinha de Rio Tinto. |
Fernando Ribeiro, filho de Antônio Bolinha, prefeito cassado de Rio Tinto pelo golpe de 1964, e Alexandre Guedes, militante dos direitos humanos, representando a OAB, também fizeram pronunciamentos na tribuna da Assembleia Legislativa do Estado.
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Dr. Alexandre Guedes - OAB |
O Professor Antônio Augusto de Almeida, militante comunista histórico, que atuou diretamente nas Ligas Camponesas da Paraíba, falou sobre o líder camponês João Alfredo. Disse Antônio Augusto que, apesar da origem humilde do camponês que era sapateiro e um militante de conteúdo ideológico muito forte, ao ponto de ter me dito na cadeia a seguinte frase: "eles não vão conseguir girar a roda da história para trás”.
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Antonio Augusto Almeida militante histórico das ligas camponesas |
Encerrando a sessão, Anísio Maia
reafirmou seu compromisso com a luta pela memória, verdade e justiça,
relembrando fatos do início de sua militância no PCR na resistência à Ditadura,
como a convivência com Manoel Lisboa e as denúncias que eram feitas para
desgastar o regime. “Nos chamavam de terroristas, mas terroristas eram eles,
que deram um golpe de Estado para derrubar o presidente eleito e praticavam de
todo tipo de mentiras e crimes, a exemplo de um dos chefes da tortura no País,
Sérgio Paranhos Fleury, o mais sujo, mais imundo, um psicopata que tinha prazer
em torturar pessoalmente os presos. Muitos militantes foram torturados até a
morte e depois geralmente era inventada a versão de que haviam sido mortos num
tiroteio com a Polícia, tudo com a conivência da grande imprensa. Vamos seguir
firmes nesta luta para, de fato, viramos esta página da nossa história”.
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