Sempre que foi a Praia
do Jacaré é comum encontrar turísticas querendo informações sobre a origem do
lugar. E coincidentemente ontem à tardinha estava realizando uma atividade
cultural intitulada: 1ª Blitz Poética da Paraíba, projeto promovido pela
Sociedade Cabedelense de Poetas e Escritos SCEP, e junto comigo uma equipe de
poetas encontrava-se entregando poesias de vários poetas paraibanos ao público
visitante do parque do Jacaré. Naquela ocasião estava na companhia de Fátima
Peixoto, Jacira Pereira, Roseleide Farias, Vitória Kelly e José Pereira, quando
um grupo de turistas de Salvador – BA, se dirigiu até a minha pessoa e
perguntou se sabia explicar a origem do lugar e por que o nome Praia do Jacaré? E para que você não passe vexame em ocasiões assim, aconselho os amigos conhecer a
história do lugar onde se vivem. Mas como sabia da história fiz a seguinte narrativa, é claro mais resumida:
A praia fluvial do
Jacaré está localizada no município de Cabedelo, entre o estuário do rio
Paraíba e o trecho da BR 230 nas proximidades dos Km 8 e 9 que liga a cidade portuária
à capital, João Pessoa. A Praia do Jacaré foi reconhecida como localidade
na década de 50. A comunidade era basicamente formada por pescadores, artesões,
onde muitas famílias são oriundas de comunidades indígenas existentes na região.
Na década de 70, foi construída ali a vila dos pescadores da Sociedade de Ação
Comunitária do Jacaré, que agregou as residências da comunidade pesqueira. A
partir de 1985, a localidade recebeu itens de infraestrutura, como iluminação
pública, rede de energia elétrica, escola pública, posto de saúde, quadra
esportiva, espaço recreativo, funcionamento da estação do trem e abastecimento
de água. Nos anos 90, a duplicação da BR-230 influenciou a retomada do processo
de urbanização da praia, revitalizando o comércio. Todo este processo do desenvolvimento
da Praia do Jacaré, acompanhei quando foi monitor de esporte e cultura da
FEBEMAA (1982), hoje FUNDAC e quando foi professor da Escola Estadual do 1º Grau
Augusto Severo até 1986.
Contemplar o Pôr do Sol
na Praia de Jacaré, ao som do Bolero de Ravel, é indispensável para quem vai a
João Pessoa. Mas, antes de tudo, convém esclarecer que o local não se trata de
uma praia, e sim do encontro do Rio Paraíba com o mar. Hoje não existem jacarés
por lá segundo informações dos moradores mais antigos do lugar.
O nome surgiu porque
nos anos 1960 havia uma base dos Correios, como se fosse um hidroporto, na qual
pousavam aviões do tipo Catalina. Quando a aeronave descia nas águas,
formava-se uma onda com a aparência de uma boca aberta. Daí, os ribeirinhos
apelidaram o local de jacaré. Para preservar a região, o Patrimônio Histórico
do Estado tombou a área ao longo do rio, e nada mais pode ser construído por
lá.
Já
um dos mais antigos moradores da vila de pescadores, conhecido por todos como “Senhor
Gringo”, conta que o nome originou-se porque havia alguns jacarés nas lagoas
próximas a esta Vila, na época quando ainda era uma criança.
Este mesmo senhor foi
um dos precursores da atual Praia do Jacaré, pois foi o primeiro dono de bar
daquela localidade e que ao longo dos anos constituiu dois bares à beira rio,
que atualmente são os restaurantes Bombordo e Maria Bonita. O motivo pelo qual
ele decidiu construir dois bares um ao lado do outro foi para diferenciar o
público: sendo um para o encontro de famílias e o outro para quem realmente
quisesse beber. E durante décadas ele e sua família administraram estes dois
estabelecimentos, e só desfizeram há poucos anos. Atualmente, ele e sua família
ainda residem e trabalham nesta Vila. Convém salientar que lá, conjuntamente
com o Bar Caleidoscópio, começou à moda do Bolero de Ravel. Segundo ainda Senhor
Gringo, ele afirma que o Bolero de Ravel foi tocado também naquela época em seu
estabelecimento por um LP, um presente de um estrangeiro que viera velejar e
ficou ancorada às margens do Rio Paraíba.
O músico Jurandy do
Sax revela que a estrutura que
existe hoje surgiu aos poucos, impulsionada pela música de Maurice Ravel, e
atrai pessoas de vários lugares do Brasil e do mundo. De acordo com os
moradores do Jacaré, a moda do bolero apareceu por acaso, na década de 1980,
quando só existiam dois bares na região. Eleonora Freitas, que era proprietária
do bar Caleidoscópio, resolveu num certo dia colocar o LP do filme Retratos da
Vida para tocar na vitrola do bar e, no momento em que a música Bolero começou,
o sol baixou no horizonte.
No fim de semana
seguinte (na época, o local não abria todos os dias), os clientes pediram que a
música tocasse novamente. E foi assim que tudo começou. Primeiro, o LP foi
substituído pelo CD. Depois, quando o Caleidoscópio já havia fechado, a
tecnologia deu lugar à interpretação de Jurandy do Sax, que inovou tocando ao
vivo, dentro de uma pequena canoa. Se você espera um show simples, então vá
preparando suas emoções, pois se trata de um momento especial. Não há quem não
se encante com o conjunto formado pelo rio, o crepúsculo, o passeio da canoa e
o som suave do saxofone. Quem já presenciou esse espetáculo da arte e da
natureza não esquece; e quem pode sempre volta.
Obs.:
Praia do Jacaré: até os anos 1990, o local era frequentado quase
que somente pelos donos de embarcações, já o acesso se dava por uma
estrada de barro.
Além de Jurandy,
vários outros músicos já participaram do espetáculo do pôr do sol musical. A
estrela da vez é a violinista Isabelle Soares.
Um novo projeto está
acontecendo no parque fluvial do Jacaré, onde todos os dias, às 18h00 o músico Jurandir
do Sax incluiu mais uma performance no seu repertório desta vez a execução da
canção Ave Maria de Bach e Gounod.
Curiosidades:
Antes de se
transformar em Jurandy do Sax, Jurandy Felix da Silva tocou vários
instrumentos, fez parte da banda da prefeitura de João Pessoa, da Orquestra
Tabajara e da Polícia Militar. Segundo o instrumentista, foi em 1999, ao
presenciar um pôr do sol à beira do rio, que bateu a vontade de tocar. Porém,
ele não estava com seu sax. Então, voltou nos dias seguintes e tocou, sem ter
ninguém por perto. “Percebi a certeza de que era aquilo que queria fazer”,
recorda-se o músico. Ele passou a se apresentar em um restaurante e a novidade
se espalhou por João Pessoa. A Praia do Jacaré, antes pouco frequentada, passou
a receber um grande público. Durante os dois anos seguintes, Jurandy se
apresentou em um píer. A ideia de tocar na canoa, navegando pelo rio, surgiu em
2001.
O talento rendeu ao
saxofonista o reconhecimento por parte do governo da França. Em 2005, ele
passou 10 dias em Paris. Visitou o Conservatório Maurice Ravel e tocou o Bolero
ao lado do túmulo do compositor. “Foi o momento mais emocionante da minha
vida”, conta.
O compositor Tadeu Patrício
fez dois versos que podem ser cantarolada em ritmo de ciranda e coco de roda
para prestar uma homenagem à beleza do parque fluvial da Praia do Jacaré e ao
músico Jurandir do Sax que desde 2001 vem encantando milhares de pessoas com a
sua performance flutuando numa canoa conduzida por um guia sobre as águas
escuras do rio Paraíba. Disse o verso:
Solista: O pôr do sol
da Praia do Jacaré
É conhecido no estrangeiro e no
cordel (2x)
Coro: Na hora exata
Jurandir sai na barquinha
Tocando no seu sax, o Bolero de Ravel.
Muito bom!!! Parabéns, amigo Tadeu Patrício!
ResponderExcluirBom dia Tadeu! Queria saber mais sobre a história do casaräo abandonado que fica lá na praia do Jacaré.
ResponderExcluirSó precisa melhorar a estrutura do son que é horrível.
ResponderExcluirPasso vergonha quando levo turistas para assistir e a cornetinha do Jurandi fica muda, o disco tem que voltar, a caixa falha,....saudades dos LPs e CDs! Muito mais emocionante!
Sem falar dos "pobres" coitados que ficam na margem para assistir mas não podem porque os catamarãs dos que podem pagar estão bem na frente tapando o sol e o corneteiro tocando só para eles. Vão se fu.....
Achei um desrespeito os catamarãs na frente do sol e da canoa... Tbm o som estava horrível, antes não tivesse nada na caixa, pois colocaram uns tambores ao fundo do bolero, ficou horrível. Bem, apesar de tudo eu me concentrei na beleza do momento e axhei bonito, mas tem q melhorar
ResponderExcluirSempre vou, muito bom o local
ResponderExcluirÓtimas explanações professor, parabéns e obrigada! Aproveito para reforçar os comentários dos colegas: o equipamento de som precisa melhorar e realmente os catamarãs poderiam ficar mais espalhados ou até mesmo que fossem extintos nesse momento que deveria ser apreciado por todos que se dirigem até o local. Também acho uma falta de respeito apenas um nicho ter direito de apreciar um momento ´´tão mágico`` Vamos reinvidicar uma visão igualitária do tão conhecido(nacional e mundialmente) Pôr do Sol do Jacaré.
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