domingo, 16 de março de 2014

HISTÓRICO DA PRAIA DO JACARÉ

Sempre que foi a Praia do Jacaré é comum encontrar turísticas querendo informações sobre a origem do lugar. E coincidentemente ontem à tardinha estava realizando uma atividade cultural intitulada: 1ª Blitz Poética da Paraíba, projeto promovido pela Sociedade Cabedelense de Poetas e Escritos SCEP, e junto comigo uma equipe de poetas encontrava-se entregando poesias de vários poetas paraibanos ao público visitante do parque do Jacaré. Naquela ocasião estava na companhia de Fátima Peixoto, Jacira Pereira, Roseleide Farias, Vitória Kelly e José Pereira, quando um grupo de turistas de Salvador – BA, se dirigiu até a minha pessoa e perguntou se sabia explicar a origem do lugar e por que o nome Praia do Jacaré? E para que você não passe vexame em ocasiões assim, aconselho os amigos conhecer a história do lugar onde se vivem. Mas como sabia da história fiz a seguinte narrativa, é claro mais resumida:




A praia fluvial do Jacaré está localizada no município de Cabedelo, entre o estuário do rio Paraíba e o trecho da BR 230 nas proximidades dos Km 8 e 9 que liga a cidade portuária à capital, João Pessoa. A Praia do Jacaré foi reconhecida como localidade na década de 50. A comunidade era basicamente formada por pescadores, artesões, onde muitas famílias são oriundas de comunidades indígenas existentes na região. Na década de 70, foi construída ali a vila dos pescadores da Sociedade de Ação Comunitária do Jacaré, que agregou as residências da comunidade pesqueira. A partir de 1985, a localidade recebeu itens de infraestrutura, como iluminação pública, rede de energia elétrica, escola pública, posto de saúde, quadra esportiva, espaço recreativo, funcionamento da estação do trem e abastecimento de água. Nos anos 90, a duplicação da BR-230 influenciou a retomada do processo de urbanização da praia, revitalizando o comércio. Todo este processo do desenvolvimento da Praia do Jacaré, acompanhei quando foi monitor de esporte e cultura da FEBEMAA (1982), hoje FUNDAC e quando foi professor da Escola Estadual do 1º Grau Augusto Severo até 1986.




Contemplar o Pôr do Sol na Praia de Jacaré, ao som do Bolero de Ravel, é indispensável para quem vai a João Pessoa. Mas, antes de tudo, convém esclarecer que o local não se trata de uma praia, e sim do encontro do Rio Paraíba com o mar. Hoje não existem jacarés por lá segundo informações dos moradores mais antigos do lugar.

O nome surgiu porque nos anos 1960 havia uma base dos Correios, como se fosse um hidroporto, na qual pousavam aviões do tipo Catalina. Quando a aeronave descia nas águas, formava-se uma onda com a aparência de uma boca aberta. Daí, os ribeirinhos apelidaram o local de jacaré. Para preservar a região, o Patrimônio Histórico do Estado tombou a área ao longo do rio, e nada mais pode ser construído por lá.

 Já um dos mais antigos moradores da vila de pescadores, conhecido por todos como “Senhor Gringo”, conta que o nome originou-se porque havia alguns jacarés nas lagoas próximas a esta Vila, na época quando ainda era uma criança.

Este mesmo senhor foi um dos precursores da atual Praia do Jacaré, pois foi o primeiro dono de bar daquela localidade e que ao longo dos anos constituiu dois bares à beira rio, que atualmente são os restaurantes Bombordo e Maria Bonita. O motivo pelo qual ele decidiu construir dois bares um ao lado do outro foi para diferenciar o público: sendo um para o encontro de famílias e o outro para quem realmente quisesse beber. E durante décadas ele e sua família administraram estes dois estabelecimentos, e só desfizeram há poucos anos. Atualmente, ele e sua família ainda residem e trabalham nesta Vila. Convém salientar que lá, conjuntamente com o Bar Caleidoscópio, começou à moda do Bolero de Ravel. Segundo ainda Senhor Gringo, ele afirma que o Bolero de Ravel foi tocado também naquela época em seu estabelecimento por um LP, um presente de um estrangeiro que viera velejar e ficou ancorada às margens do Rio Paraíba.





O músico Jurandy do Sax revela que a estrutura que existe hoje surgiu aos poucos, impulsionada pela música de Maurice Ravel, e atrai pessoas de vários lugares do Brasil e do mundo. De acordo com os moradores do Jacaré, a moda do bolero apareceu por acaso, na década de 1980, quando só existiam dois bares na região. Eleonora Freitas, que era proprietária do bar Caleidoscópio, resolveu num certo dia colocar o LP do filme Retratos da Vida para tocar na vitrola do bar e, no momento em que a música Bolero começou, o sol baixou no horizonte.

No fim de semana seguinte (na época, o local não abria todos os dias), os clientes pediram que a música tocasse novamente. E foi assim que tudo começou. Primeiro, o LP foi substituído pelo CD. Depois, quando o Caleidoscópio já havia fechado, a tecnologia deu lugar à interpretação de Jurandy do Sax, que inovou tocando ao vivo, dentro de uma pequena canoa. Se você espera um show simples, então vá preparando suas emoções, pois se trata de um momento especial. Não há quem não se encante com o conjunto formado pelo rio, o crepúsculo, o passeio da canoa e o som suave do saxofone. Quem já presenciou esse espetáculo da arte e da natureza não esquece; e quem pode sempre volta. 

 Obs.: Praia do Jacaré: até os anos 1990, o local era frequentado quase que somente pelos donos de embarcações, já o acesso se dava por uma estrada de barro. 

Além de Jurandy, vários outros músicos já participaram do espetáculo do pôr do sol musical. A estrela da vez é a violinista Isabelle Soares. 



Um novo projeto está acontecendo no parque fluvial do Jacaré, onde todos os dias, às 18h00 o músico Jurandir do Sax incluiu mais uma performance no seu repertório desta vez a execução da canção Ave Maria de Bach e Gounod. 



Curiosidades:

Antes de se transformar em Jurandy do Sax, Jurandy Felix da Silva tocou vários instrumentos, fez parte da banda da prefeitura de João Pessoa, da Orquestra Tabajara e da Polícia Militar. Segundo o instrumentista, foi em 1999, ao presenciar um pôr do sol à beira do rio, que bateu a vontade de tocar. Porém, ele não estava com seu sax. Então, voltou nos dias seguintes e tocou, sem ter ninguém por perto. “Percebi a certeza de que era aquilo que queria fazer”, recorda-se o músico. Ele passou a se apresentar em um restaurante e a novidade se espalhou por João Pessoa. A Praia do Jacaré, antes pouco frequentada, passou a receber um grande público. Durante os dois anos seguintes, Jurandy se apresentou em um píer. A ideia de tocar na canoa, navegando pelo rio, surgiu em 2001. 
  
O talento rendeu ao saxofonista o reconhecimento por parte do governo da França. Em 2005, ele passou 10 dias em Paris. Visitou o Conservatório Maurice Ravel e tocou o Bolero ao lado do túmulo do compositor. “Foi o momento mais emocionante da minha vida”, conta.

O compositor Tadeu Patrício fez dois versos que podem ser cantarolada em ritmo de ciranda e coco de roda para prestar uma homenagem à beleza do parque fluvial da Praia do Jacaré e ao músico Jurandir do Sax que desde 2001 vem encantando milhares de pessoas com a sua performance flutuando numa canoa conduzida por um guia sobre as águas escuras do rio Paraíba. Disse o verso:



Solista: O pôr do sol da Praia do Jacaré
             É conhecido no estrangeiro e no cordel (2x)

Coro: Na hora exata Jurandir sai na barquinha
          Tocando no seu sax, o Bolero de Ravel.













6 comentários:

  1. Muito bom!!! Parabéns, amigo Tadeu Patrício!

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  2. Bom dia Tadeu! Queria saber mais sobre a história do casaräo abandonado que fica lá na praia do Jacaré.

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  3. Só precisa melhorar a estrutura do son que é horrível.
    Passo vergonha quando levo turistas para assistir e a cornetinha do Jurandi fica muda, o disco tem que voltar, a caixa falha,....saudades dos LPs e CDs! Muito mais emocionante!
    Sem falar dos "pobres" coitados que ficam na margem para assistir mas não podem porque os catamarãs dos que podem pagar estão bem na frente tapando o sol e o corneteiro tocando só para eles. Vão se fu.....

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  4. Achei um desrespeito os catamarãs na frente do sol e da canoa... Tbm o som estava horrível, antes não tivesse nada na caixa, pois colocaram uns tambores ao fundo do bolero, ficou horrível. Bem, apesar de tudo eu me concentrei na beleza do momento e axhei bonito, mas tem q melhorar

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  5. Ótimas explanações professor, parabéns e obrigada! Aproveito para reforçar os comentários dos colegas: o equipamento de som precisa melhorar e realmente os catamarãs poderiam ficar mais espalhados ou até mesmo que fossem extintos nesse momento que deveria ser apreciado por todos que se dirigem até o local. Também acho uma falta de respeito apenas um nicho ter direito de apreciar um momento ´´tão mágico`` Vamos reinvidicar uma visão igualitária do tão conhecido(nacional e mundialmente) Pôr do Sol do Jacaré.

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