quarta-feira, 6 de junho de 2012

I CAPÍTULO - DO NASCIMENTO ATÉ A DÉCADA DE 30.

HOMENAGEM AOS 100 ANOS DO GONZAGÃO

A SAGA DO REI DO BAIÃO: (1912-1989)


Desde criança sempre foi um admirador da obra musical de Luiz Gonzaga. As suas canções tem melodia e letra, e isto me chamava muita atenção. Gostava muito de ouvir as músicas que decantavam os pássaros, como: Fogo Pagou; Sabiá; Assum Preto; Cantiga do Vem, Vem; Asa Branca; A Volta da Asa Branca, além daquelas que são causos cantarolados na sanfona, a exemplo: Kalorina com K; Samarica Parteira; Triste Partida; A Volta ao Exu, etc... Estas belas obras musicais se eternizaram na minha memória.
Ah! Também tive a oportunidade de assistir por duas vezes o show do Rei do Baião. O primeiro em Juazeirinho, 1973, quando tinha 11 anos, em cima de um caminhão que pertencia a um tio (Deusdete), e bem junto a mim, o mestre Luiz Gonzaga tocando sua sanfona branca acompanhado de um trio pé de serra que encantava a multidão na praça pública, quando cantava grandes sucessos da sua carreira artística, tudo isso patrocinado pelo Tabagismo – Produto – FUMO DO BOM. Lembram?
Uma década depois assisti a outro show de Luiz Gonzaga em João Pessoa, desta vez na lagoa, Parque Sólon de Lucena. Não lembro se foi o último show dele na capital paraibana.
Em minha opinião foi o cantador que mais decantou com respeito à natureza, os pássaros e o Nordeste com seus problemas sociais e políticos. Nem um outro foi tão autêntico quanto o mestre Gonzaga.
Quero aproveitar este espaço para compartilhar com vocês internautas um pouco da história de vida do nosso Rei do Baião. Os 7 capítulos dessa pesquisa que serão exibidos, serão divididos por décadas, com apresentação de fotos e vídeos para contribuir com a nossa identidade cultural e a nossa cultura brasileira. Os referidos capítulos serão postados gradativamente. Vale a pena acompanhar!
I Capítulo – 1912 a 1930:
Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, na Fazenda Caiçara, povoado do Araripe, distante a 12 quilômetros da cidade de Exu, sertão de Pernambuco. Seu pai Januário José dos Santos era agricultor e consertador de sanfona e foles de oito baixos. Sua mãe, Ana Batista de Jesus, chamada carinhosamente de Santana, doméstica e vendedora de mangaio (cordas) nas feiras livres da região do Exu. Foi batizado na matriz São João do Araripe, município do Exu, no dia 05 de janeiro de 1913, cuja celebração de batismo foi feita pelo Padre José Fernandes de Medeiros. Desde sua infância o pequeno Gonzaga namorava o fole de oito baixos, instrumento este executado pelo “Pai Januário” no qual começou seus primeiros acordes.



Junuário tocando Fole de Oito Baixos.

Dona Santana e Sr. Januário.
Terreno onde foi a casa que Luiz Gonzaga nasceu.
Hoje existe este monumento.
Trubuto a Luiz Gonzaga.

Casa dos pais de Luiz Gonzaga onde levou a surra por causa de sua valentia - 1930.
Igreja São João do Araripe - Sertão Pernambucano.

Vista Panorâmica da cidade de Exu - Sertão de Pernambuco.
Coisas de Gênio:
Luiz de Januário como era conhecido na infância, aos oito anos de idade teve a oportunidade de substitui um sanfoneiro que falhou na palavra/trato com seu pai. Tendo o pai acertado um contratado para tocar na tradicional festa no terreiro de Miguelzinho na Fazenda Caiçara, no povoado do Araripe, Exu. Mas a pedido da vizinhança ao pai naquela noite, o pequeno Lula deleitou-se tocando e cantando a noite inteira, e pensava na possibilidade de Dona Santana deixá-lo tocar mais vezes. Luiz Gonzaga estava feliz porque era a primeira noite que tocava com a permissão de “Mãe Santana” para um bom público. E pela tocada recebeu o seu primeiro cachê de 20$000 rés. Assim, o menino Luiz de Januário crescia com sua simpatia e esperteza conseguindo agradar até ao Sinhô Coronel Manuel Aires de Alencar, e por causo do feito musical, passou a ser um garoto de confiança do Coronel Aires Alencar. Sua primeira sanfona foi comprada na cidade de Ouricuri sertão de Pernambuco, no armazém do Sr. Adolfo, com o cachê recebido da primeira tocada e o restante do dinheiro 120$000 contos de rés que foi financiado pelo Coronel Aires Alencar.
Aos 16 anos, Luiz Gonzaga já era conhecido no Araripe e em toda redondeza. Mas aos 17 anos o filho de Januário apaixona-se por uma estudante, Nazarena, da família Alencar. O padrasto da jovem, o senhor Raimundo Deolindo Alencar sabendo da inclinação do jovem sanfoneiro pela menina moça, resolve impedir o namoro. Luiz Gonzaga muito magoado porque soube que o pai da moça andava falando dele, resolveu então encarar o valentão num sábado pela manhã na feira no Exu.
OBSERVAÇÃO: Você poderá conferir o restante dessa proesa de Luiz Gonzaga assistindo ao vídeo abaixo. É só dá um clik:
Por causa de Nazarena, chamada carinhosamente por Luiz de “Nhazinha”, ele levou uma grande surra de dona Santana e seu Januário, por seu atrevimento com o pai da jovem, Raimundo Deolindo. Envergonhado arrumou uma desculpa para fugir de casa. Foi quando contou com a ajuda de Zé de Elvira, ai bolou a ideia de fugir para tocar uma festa no Crato. Assim fez, pegou a sanfona e uma párea de roupa e seguiu a pé cerca de 65 km, do Exu até o Crato. Chegando ao Crato, Luiz Gonzaga vendeu a sanfona a um lavrador conhecido por senhor Raimundo Lula, pelo valor de 80$000 rés.
Era julho de 1930, quando ele decidiu seguir viagem até Fortaleza/CE para alista-se no 23º Batalhão de Caçadores do Exército, onde serviu a pátria por um período de 9 (nove) anos, servindo nos estados do Ceará, Paraíba, Piauí, Pará, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Era o soldado de n.º 122, onde ganhou fama no Exército e recebeu o carinho apelido de “Bico de Aço”, por ser um excelente corneteiro. Mas antes de dar baixa no exército, quis o soldado Pernambuco, ficar mais um tempo para tocar na sanfona branca que havia chegado da Itália, no novo instrumental que a banda do quartel havia recebido. E ele logo se candidatou....  Acho melhor o internauta saber desta história contada pelo próprio Luiz Gonzaga no vídeo abaixo. É só dá um clik:

Luiz Gonzaga é o 2º Soldado da direita para a esquerda.
O soldado que está com a sanfona chama-se Dominguinhos Ambrósio.


OBSERVAÇÃO: No referido vídeo abaixo, Gonzaga narra episódios de sua passagem pelo exército brasileiro e o que fez para comprar a primeira sanfona branca. Recomendo assistir:


Então deu baixa no Exército no estado de Minas Gerais, no dia 27 de março de 1939 e logo viajou para o Rio de Janeiro, para esperar o navio que o retornaria ao Recife, e seguir para o Exu. Mas enquanto o navio não chegava resolver ganhar uns trocados tocando sanfona nos cabarés do Mangue e nas casas noturnas da Lapa, rodando o pires para a marujada e arrecadando uns bons trocados, pois naquela época, o mundo estava em guerra e havia muitos marinheiros ali no Rio de Janeiro, onde poderia tocar e ganhar uns trocados. Luiz Gonzaga só usa sanfona branca até o final de sua vida.


(Aguarde a publicação do próximo capitulo)

Um comentário:

  1. Olá, Tadeu, amigo querido! Parabéns por esta homenagem á este grande artista, poeta compositor e intérprete pernambucano, nordestino, brasileiro, querido por todos nós! Ah...Nosso amigo Sales Urquiza Pereira Nóbrega, deve estar bem feliz com você!
    Sabias,que na década de 60, Luiz Gonzaga era amigo e frequentava a casa do Sr. José de Albuquerque(vulgo Zé de pipiu), bairro do Expedicionário, sempre que vinha á JP. Também naquela residência e lar amigo, ví chegar grandes violonistas de Pernambuco e de JP, e até tive a grata oportunidade de cantar e ser acompanhada por um deles, o popular Elpídio do violão!Daquela convivência maravilhosa, hoje existe os excelentes irmãos sanfoneiros:Walter (Waltinho- odontólogo e músico) e Nivaldo Albuquerque (NI- func. do senado)e demais irmãos e parentes músicos.
    Grande abraço

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