sexta-feira, 15 de junho de 2012

II CAPÍTULO: Em busca do sucesso no Rio de Janeiro


Banda do Exército de Juiz de Fora (MG) que Luiz Gonzaga fez parte
com o nome SOLDADO  NASCIMENTO - 1939.
                                      
Ano de 1939, Luiz Gonzaga dar baixa no exército brasileiro e retorna ao Rio de Janeiro, onde faz novas amizades e inicia a sua carreira artística, divertindo marinheiros e desocupados em geral no Mangue, lugar também muito frequentado por malandros, prostitutas e marinheiros estrangeiros. Nessa época explode a segunda grande Guerra Mundial, o Brasil é literalmente invadido pela música estrangeira, principalmente a norte-americana.

Luiz Gonzaga na época que tocava no Mangue - Rio de Janeiro - 1940.
Em 1940, Luiz Gonzaga conhece o guitarrista (bandolinista) português, Xavier Pinheiros e com ele forma uma dupla e passam a tocar no Mangue (baixo meretriz) e nas casas noturnas do Rio de Janeiro. O repertório da dupla era formado de músicas no gênero “Blues a Fox trotes” e de artistas como, Augusto Calheiros, Manezinho Araújo, Antenógenes Silva, basicamente de tangos, boleros, valsas, samba e nenhuma música do Norte.
Nessa mesma época Gonzaga participou como calouros do programa de Ary Barroso da Rádio Nacional no Rio de Janeiro, onde conseguia notas muito baixas.
Compositor Ary Barroso - 1941.

Em 1941, Luiz Gonzaga conhece Januário França que traz um convite do cantor Genésio Arruda para acompanhá-lo numa gravação na RCA Victor em um disco que o artista estava preparando. A participação de Gonzaga foi tão boa que chegou a gravar dois LPs. E nos cinco anos seguintes, gravou cerca de 30 discos com outros artistas. Destacando-se assim como grande sanfoneiro por ser agiu nos dedos.
Ainda em 1941, Luiz Gonzaga recebeu o título dos paulistas como o Maior Sanfoneiro Nordestino, apesar deste reconhecimento, sofreu muito preconceito com sua arte no Rio de Janeiro para se firmar na carreira artística.
Luiz Gonzaga e sua Sanfona Branca - 1942.
Provocado por uma turma de estudantes cearense que frequentava o Mangue, quando em certa noite lhe questionou: “por que não tocava música do Norte? Só quer tocar esses clássicos internacionais? Luiz Gonzaga derrapou na resposta, dizendo que a sanfona era muito sofisticada, tinha que ser um fole de oito baixos para tocar alguma música do Norte. A verdade é que, na ocasião Luiz Gonzaga não tinha nenhuma música do Norte preparado. Mas na noite seguinte trouxe Vire-Mexe que havia preparado, e quando os estudantes cearenses chegaram ao lugar, foram logo sentando numa mesa distante do sanfoneiro e ficaram ali assistindo. O que chamou a atenção de Gonzaga foi que, a turma dos cearenses sempre sentava numa mesa próxima aos tocadores e naquela noite não fizeram isto. Depois da segunda rodada do pires pelo salão, Luiz Gonzaga mandou ver a música Vire-Mexe, o salão logo ficou cheio de casais dançando e os cearenses gritavam lá do canto naquela vibração: “eu não disse, eu não disse que toca-se uma música lá do Norte que dava certo”. A partir de então, Luiz Gonzaga não teve dúvida, correu e foi se escrever como calouro no programa do Ary Barroso na Rádio Nacional. Quando chegou ao programa do rádio logo ouviu do Ary Barroso: Outra vez? Tá ficando freguês, hein? Qual é a valsa de hoje? Muito assustado e diante da provocação do famoso compositor e apresentador da rádio nacional, Luiz Gonzaga tremeu um pouco, mas a coragem falou mais forte e soltou a resposta: “Não é valsa não, seu Ary”. Perguntou Ary Barroso? Vai tocar um tango? Isso é instrumento de tango mesmo? “Também não, vou tocar um negócio lá do Norte”! Como é mesmo o nome desse negócio? “Vire e Mexe”, disse Gonzaga. Ary Barroso riu e fez um trocadilho, sarcástico: “Pois arrivira e mexe esse danado.... A gente vê cada uma!” Conta Gonzaga que, “enquanto estava cantando via rostos espantados e aplausos da plateia. E diante da euforia do pessoal, Ary explicava que o programa não admitia bis, pois havia muitos convidados e se apresentar. E para pediu calma a plateia. Vocês vão ouvir o rapaz cantar Vire-Mexe no desfile das 21:00 horas. No final, Gonzaga ouviu pela primeira vez a confirmação da nota máxima do programa naquele dia. E assim, com muita persistência foi vencendo as ironias de Ari Barroso.
Compositor e Apresentador Aryu Barroso - 1942.

Em 1942, Luiz Gonzaga é contrato pela Rádio Tamoio e começa a fazer sucesso também em outras emissoras, ficando na Rádio Tamoio por dois anos. Em 1944 ele foi despedido da Rádio Tamoio e, logo em seguida foi contratado por Cr$ 1.600.00 pela Rádio Nacional. Lá ele conheceu o violonista Dino que tocava violão 7 cordas, sujeito bem humorado que tinha a mania de colocar apelido nas pessoas que conhecia e o ator Paulo Gracindo, os quais colocaram o carinhoso apelido de “Lua” por ter o rosto arredondado.

Luiz Gonzaga Lua Nascimento e Humberto Teixceira - 1942.






Um comentário:

  1. Muito bom, amigo Tadeu!!!Amei os vídeos e registros do grande Luís Gonzaga (LUA)!!!
    Parabéns!!!Grande abraço!!!

    ResponderExcluir