Professora Rejane Viana. |
Conversar com
a professora Rejane Viana do Nascimento sobre a educação em Cabedelo, é conhecer
a história do Colégio Estadual José Guedes Cavalcanti que se confundi com a
história do Colégio Imaculada Conceição. Os relatos a seguir fazem parte das
comemorações do Jubileu - 50 Anos da Escola
Estadual José Guedes Cavalcanti, que nas próximas edições este Blog - A Voz da Cultura Tadeu Patrício, terá o privilégio de postar histórias incríveis
de grandes gestores e educadores cabedelenses, os quais vivenciaram boa parte
de suas vidas com exclusividade à educação de Cabedelo. Por isso, vale a pena
aguardar as próximas postagens e prestigiar este rico material.
Entrevistar a
professora Rejane Viana é sempre um aprendizado muito gratificante, são
histórias vividas e revelações incríveis da educação em Cabedelo. Pois a considero
uma lenda viva da nossa educação. Para àqueles que não conhecem Rejane Viana,
talvez por serem moradores recentes no município, a educadora é filha de um trabalhador
portuário, honesto, digno, religioso e vascaíno conhecido como, senhor
Reginaldo Gomes Viana e D. Santinha Gomes Viana, de uma importante e tradicional
família cabedelense. Rejane Viana foi ex-aluna, ex-professora e
ex-vice-diretora dessa conceituada escola pública estadual de Cabedelo. Hoje
considerada uma referência em nossa educação.
Formada em Licenciatura em Letras: Português e Inglês pela UFPB (1972) e com Especialização em Educação pela UEPB (1993), Rejane Viana começou a trabalhar logo cedo. Seu primeiro emprego foi no Porto de Cabedelo, mas suas primeiras experiências com a educação foi atuar como professora da Escola Robson Espínola que era administrada pelo Porto de Cabedelo. Antes de ser nomeada para trabalhar nas Escolas José Guedes Cavalcanti e Imaculada Conceição, já trazia na bagagem uma experiência de sala de aula, pois havia sido professora de inglês na rede privada da capital João Pessoa, onde lecionou por alguns anos nos Colégios Pio XII, Pio X, IPEP e Lourdinas.
De
acordo com Rejane Viana sua oportunidade de trabalhar no Estado surgiu através
de um amigo da família, Sr. Pedro Américo de Oliveira (In-memoria) que
conseguiu um contrato de trabalho para prestar serviço ao Colégio Estadual José
Guedes Cavalcanti, onde atuou como vice- diretora no turno da manhã e devido à sua
experiência de educadora, Dr. Júlio Aurélio a colocou para lecionar inglês na
referida escola no turno da tarde. Durante 8 (oito) anos trabalhou nesta
instituição, de 12 de Agosto de 1974 a 26 de Fevereiro de 1982. Disse que foi
muito gratificante contribuir com o desenvolvimento educacional de Cabedelo. Lembrou
que nessa mesma época, dia 26 de Fevereiro de 1982, fora designada por
indicação do Dr. Júlio Aurélio Moreira Coutinho para a direção do Colégio
Estadual Imaculada Conceição, pois naquela ocasião Dr. Júlio Aurélio respondia
pelos dois educandários estaduais de Cabedelo. A partir da referida data tomou
posse no cargo de diretora do Colégio Imaculada Conceição.
Questionada sobre
as dificuldades encontradas naquela época para a realização de um trabalho na
educação através das escolas públicas estaduais em Cabedelo afirmou que, por
incrível que pareça, hoje encontramos mais entraves nas escolas públicas do que
naquela época, quando os alunos gostavam de ler e focavam seus estudos na
perspectiva de serem profissionais de respeito na sociedade. E de acordo com a
professora a grande maioria dos estudantes conseguia o seu objetivo. Não havia
livros gratuitos, nem fardamento, mas todos compravam seus materiais e até o
fardamento. E quando os alunos eram chamados à atenção por causa do fardamento,
eles voltavam para casa sem alarido e não desrespeitavam o pessoal encarregado
da portaria, pois sabiam muito bem que cumpriam a ordem da direção da escola. O
patrimônio público também era mais respeitado e quando algum aluno danificava
uma carteira, por exemplo, o diretor do colégio Dr. Júlio Aurélio mandava o
aluno levar para casa para consertar junto com a família e eles levavam o bem
material da escola numa boa e trazia no dia seguinte consertado.
Rejane Viana
considerou muito positiva a educação de Cabedelo durante o período que foi
vice-diretora do Colégio Estadual José Guedes Cavalcanti. Pois o colégio era uma
instituição muito bem conceituada, por ser a única escola que oferecia o Ensino
Médio (Colegial) na cidade. Relatou que havia uma equipe seleta de professores,
tendo à frente um gestor do quilate de Dr. Júlio Aurélio, que também era o Promotor
Público de Cabedelo, muito respeitado e admirado por todos. Naquele tempo havia
muito respeito entre toda a equipe de profissionais, entre os alunos e seus
pais. Hoje é muito diferente a missão de ser educador e diretor de uma escola
pública, pois os valores sociais estão invertidos. Acho que algumas coisas na
educação brasileira precisam ser revistas pelos órgãos competentes e a
sociedade civil organizada precisa interferir nisso, porque se não, não sabemos
onde tudo isso vai parar.
Quanto às
atividades educacionais e cívicas que aconteceram durante a sua gestão de
vice-diretora, o que mais merece destacar, foram as Feiras de Ciências que aconteciam
anualmente, que tinha à frente profissionais como: Professor Porfírio
(Biologia), Professor Aníbal (Física), Professor José Marques, chamado
carinhosamente de Preguinho (Matemática) e Falcão (Química), todos já
falecidos. Esse evento era uma festa, que a comunidade frequentava para ver os
experimentos dos alunos. O dia 7 de Setembro, também era outra atividade que motivava
a escola e nos dava orgulho de participar do desfile cívico com a Banda Musical
formada por alunos e alunas do próprio colégio. E lembrou que aos sábados, a professora
Telma Jorge (in-memória) criou o Clube de Inglês e voluntariamente, dava aulas
de conversação e música, para os alunos aprenderem o Inglês prático.
Perguntada
sobre os professores que fizeram parte do quadro de profissionais da educação
na época? Rejane Viana lembrou-se de professores como: Professor, Aníbal,
Porfírio, José Marques (Preguinho), José Alves, Galdino, Alberto Magno,
Professor Léo, José Glaudes, Renan, José Roque, Manoel (Pirão), Geraldo Neves,
Ronaldo Pedro, Prof. Luizinho, Antonio, Otávio Júnior, Simeão Cananéa (in
memoria). Também tivemos: Valdenice Cardoso, Amália Xavier Pontes, Telma Jorge
de Senna, Valdete Cardoso, Shirley, Evilásia Lourenço, Lindinalva Bezerra, Ana
Maria, Rosita Viana e dentre outros que lhe fugiram a memória naquele instante.
Alguns dos professores citados foram seus professores e outros foram seus colegas
de trabalhos, que segundo Rejane Viana era uma equipe muito comprometida com a
educação de Cabedelo.
E quanto aos funcionários
que fizeram parte do quadro de profissionais da escola naquela época, Rejane
Viana lembrou-se de D. Amália Xavier Pontes que era vice-diretora; D. Engrácia
Nóbrega, seu Joaquim e Dona Isabel, conhecida por dona Biluca (Auxiliares de
Serviços) e Waldemir (in Memória), Dinalva Gomes, D. Avany, Dolores, Helena,
Fernanda Gomes, José Marques, que na época era funcionário e depois de cursar a
Faculdade, tornou-se professor da disciplina História da escola. Entre tantos outros
que na ocasião não deu para lembrar.
Questionada sobre
as razões de sua saída da Escola José Guedes Cavancanti, ela relatou dizendo: “Quando
Padre Alfredo alugou o Colégio Imaculada Conceição ao Estado, Dr. Júlio Aurélio
foi designado para ser responsável pelo mesmo, pois, a princípio, funcionou
como uma extensão do Colégio José Guedes Cavalcanti e Dr. Júlio Aurélio ficou
dirigindo as duas escolas. Então, ele me designou para dar o expediente no Colégio
Imaculada Conceição e posteriormente indicou meu nome para a direção daquela
escola, cujo ato foi publicado em 1984. Nessa época, o Colégio Imaculada Conceição
havia se tornado independente. O Colégio Imaculada Conceição representa a continuação
de minha história como profissional da educação em Cabedelo”.
Para Rejane Viana, a Escola Estadual José
Guedes Cavalcanti tem tido uma importância muito grande na educação de Cabedelo,
até por ter sido a primeira escola de Ensino Médio (Colegial) da cidade
portuária, daí a sua importância fundamental na formação dos jovens egressos de
outras escolas, bem como de pessoas que estavam fora da escola e da faixa
etária e voltaram para concluir sua formação, como foi o meu caso e o de tantos
profissionais, que depois se tornaram professores do colégio.
Para a
entrevistada, os 50 Anos da Escola Estadual José Guedes Cavalcanti, representa
a vitória de todos aqueles pioneiros, muitos já na eternidade, que lutaram por
sua criação, inclusive a Câmara de Vereadores, Poder Executivo e autoridades do
Estado da época, a comunidade e professores que, envidando esforços, levaram a
prática o Projeto do Núcleo Educacional de Cabedelo, elaborado por Dr. Júlio
Aurélio Moreira Coutinho, que a principio funcionou à noite no prédio anexo do
Grupo Escolar Maria Pessoa, cedido gentilmente pelo prefeito Enivaldo Figueiredo
de Miranda e o vice-prefeito Francisco de Figueiredo de Lima, depois passou a
ter salas de aulas no prédio da antiga maternidade (onde hoje funciona o IFPB)
e no Grupo Escolar Pedro Américo, e nesse último, por ocasião da reforma no
prédio, as salas de aulas do Colégio Estadual passaram a funcionar espalhadas
por várias instituições da cidade. Lembrou que, quando ingressou como aluna, a
sua sala de aula funcionava no Clube Recreativo dos Estivadores e os
professores se deslocavam de uma instituição a outra para cumprir suas aulas no
turno noturno. Mesmo com essa migração, ninguém reclamava e todos aprendiam.
Depois que começou a construção do prédio e foi inaugurada a escola em 1973, Rejane
Viana já estudava na Universidade Federal da Paraíba – UFPB e só retornou a
escola como profissional da educação na condição de prestadora de serviço,
ocupando o cargo de vice-diretora e posteriormente fez concurso público, tendo
sido aprovada, então passou a pertencer ao quadro efetivo da instituição,
ficando assim efetiva como professora do Estado.
“Por toda essa
luta na educação de Cabedelo, agora fico imaginando quantos momentos agradáveis
não passamos que com essa gente maravilhosa que já não se encontram mais entre
nós. A estas pessoas quero dedicar esta história dos 50 anos da Escola Estadual
José Guedes Cavalcanti, cuja instituição no passado representou muito para a
educação de Cabedelo, hoje merece uma atenção melhor das autoridades, a fim de
que continue a servir à juventude de Cabedelo, como instrumento de consolidação
da cidadania.”
Entrevista com
Rejane Viana
Reportagem e Edição:
Tadeu Patrício – Educador.
Parabéns pelo resgate,professor Tadeu, não sou muito de recordar, mas lembro que estudei na Escola Estadual de Cabelo quando funcionou na prédio que era Maternidade, hoje CEFET,também no atual Guedes,nos anos 70,Diretor Dr. Júlio, professor Roque, professor Fragoso, professora Telma...Não podemos viver de saudosismo, foi uma época que ouvi da própria professora Rejane, “que olhávamos para o chão”, não tínhamos vez nem voz em sala de aula, tudo em nome do respeito. Hoje o que falta é compromisso dos nossos governantes, há uma desigualdade social gritante, famílias desajustadas, escola nenhuma vai resolver isso,estamos sendo vítimas de falta de investimento na qualidade de vida da nossa população, falta EDUCAÇÃO!
ResponderExcluirFátima Peixoto
Cara amiga e poetisa Fátima Peixoto, você sempre faz inteligentes comentários neste blog. Mas a presente matéria não tem caráter de saudosismo e sim de lembrar gestoras, educadoras que prestaram seus relevantes serviços à educação de Cabedelo, em especial a Escola Estadual José Guedes Cavalcanti que está completando 50 anos de fundação. É preciso que nossa comunidade e os alunos conheçam a história da escola que estão matriculados. Com certeza, outras gestoras e professoras que por a instituição passaram e que estão sendo entrevistadas terão seus materiais aqui postados. Brevemente na Escola Guedes haverá uma gincana cultural e esse material servirá de fonte pesquisa para a referida gincana. Assim esclarecido, tenho certeza que terei o prazer de contar sempre com seus sábios comentários, pois agradeço a sua interveniência, considerando que você é uma grande educadora, amiga que sempre soube tratar com respeito o ser humano e o serviço público. Valeu companheira. Meu fraterno abraço!
ResponderExcluirContinuo esperando ansiosamente mais uma postagem desta aula de regate cultural da EEEFM José Guedes Cavalcanti. Show mais uma vez Tadeu Patrício.
ResponderExcluirParabéns Tadeu, vc sempre empenhado nas boas causas. Muito bom conhecer mais de perto a grande educadora e portadora de uma bagagem invejável. Meu apreço a ambos!Abç!
ResponderExcluirOlá Tadeu,
ResponderExcluirJosemarques Marquesbrito comentou sua foto.
Josemarques escreveu: "Grande mestre Tadeu Patricio , parabéns por suas entrevistas e comentários, pois cada vez que leio, vejo ou ouço falar do Colégio Estadual de Cabedelo, fico sempre muito orgulhoso por fazer parte desta bela história, pois vivi vinte anos de minha vida no recinto desta famosa instituição de ensino fundamental e médio, pois foi nesta Escola que estudei primeiro e segundo graus, trabalhei como auxiliar de serviço, como auxiliar de administração concursado e professor de História. Portanto professor Tadeu, o Guedes será sempre parte de minha vida e da minha história."
Professor José Marques de Brito.