Os deputados que
ficaram até o fim da sessão de ontem, na Assembleia Legislativa, puderam
acompanhar um debate recheado de radicalismo, entre Anísio Maia (PT) e Carlos
Dunga (PTB), sobre o ciclo de governos militares que foi instado no País em 31
de março de 1964.
O deputado Anísio Maia foi à tribuna
acusar os governos militares de atrocidades inimagináveis nos dias de hoje,
como pratica de tortura, supressão de direitos, perseguição, assassinatos,
fechamento do Congresso Nacional, cassação de mandatos, censura à imprensa, fechamento
de sindicatos, prisão de trabalhadores, padres, estudantes, religiosos, etc...
O deputado petista
aproveitou a ocasião para defender que sejam trocados os nomes das ruas, praças, conjuntos habitacionais, escolas e monumentos que homenageiam os presidentes
militares. A troca de nomes, segundo Anísio Maia, é determinada por leis
aprovadas pela Câmara de João Pessoa e pela Assembleia Legislativa.
“A lei de minha
autoria, que a Assembleia aprovou e o governador do estado sancionou, obriga
que seja feita a mudança de nome. A lei fixa prazo de um ano para que a mudança
ocorra”, disse Anísio.
Ele afirmou que a
Escola Presidente Médici, bairro do Castelo Branco na capital, deve ser a
primeira a mudar de nome. Já houve um debate entre os estudantes, que acolheram
a ideia.
Anísio também
aproveitou para comunicar que ontem à noite seria realizada a primeira
audiência pública conjunta da Câmara e da Assembleia para discutir com os
moradores do Castelo Branco a possibilidade de troca de nome do bairro, da
principal avenida (que também homenageia Castelo Branco) e da Escola Presidente
Médici, que fica na localidade. A audiência de ontem à noite teve apoio do Comitê Paraibano da Memória, Verdade e
Justiça e foi realizada no Colégio Santa Doroteia.
Na discussão da
Assembleia, o deputado Carlos Dunga foi à tribuna rebater Anísio Maia. Dunga
disse que não aceita que falem mal da ditadura militar, segundo ele, “a revolução”.
“Os presidentes da revolução fizeram muito pelo Brasil. Criaram a SUDENE,
expandiram e organizaram a telefonia, construíram a hidrelétrica de Itapu e
Implantaram aeroportos. Na Paraíba, construíram vários conjuntos
habitacionais”, disse Carlos Dunga. O deputado afirmou que não concorda com a
tortura que aconteceu no período.
O deputado Vituriano
de Abreu (PSC) também entrou na discussão. Disse que participou do antes, do
durante e do pós-ditadura. “A ditadura fez coisas boas, como o Projeto
Sertanejo, para melhorar a agricultura no semiárido. Todos os agricultores
tinham acesso ao Banco do Nordeste, que concedia empréstimos com juros
subsidiados e carência de dez anos. Até hoje, o que há de estrutura em
propriedades rurais veio do Projeto Sertanejo”, disse Vituriano.
Graças ao
ex-presidente Ernesto Geisel, segundo ele, a zona rural recebeu os primeiros
grupos de saúde na família, formados por médicos, dentistas e enfermeiras que
percorriam a zona rural atendendo à população. “O presidente Geisel também
colaborou construindo casas, inclusive na Paraíba”, disse o deputado
Vituriano.
“Mas nem por isso, eu
deixo de protestar contra as torturas, assassinatos, a censura, fechamento do
Congresso, cassações de mandatos e todo tipo de atrocidade que aconteceu na
Paraíba e no Brasil, durante o período em que fomos governador pelos militares”,
afirmou o deputado.
Fonte: Correio da
Paraíba – Matéria: Adelson Barbosa dos Santos.
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