quarta-feira, 25 de setembro de 2013

COMISSÃO ESTADUAL DA VERDADE E DA PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA REALIZOU UMA REUNIÃO ADMINISTRATIVA NO PALÁCIO DA REDENÇÃO:

A Comissão Estadual da Verdade e da Preservação da Memória realizou na tarde do dia 13 de agosto do corrente ano, no Palácio da Redenção, mais uma reunião, na qual ficou decidida a realização de uma audiência pública, em conjunto com a Comissão Estadual da Verdade de Pernambuco, sobre a morte de Luiz Alberto de Sá Benevides, paraibano que morreu misteriosamente em Pernambuco. Além disso, haverá ainda uma sessão especial na Assembleia Legislativa sobre o atentado no Cine-teatro Apollo 11, em Cajazeiras, no ano de 1975.

Comissão Estadual da Verdade, Preservação e da Memória.

De acordo com a coordenadora dos grupos de trabalho da Estrutura de Repressão e Perseguição ao Setor Educacional, professora Lúcia Guerra, a iniciativa de audiência conjunta facilita o trabalho das comissões para a revelação de crimes ignorados. “O paraibano Luiz Alberto de Sá Benevides morreu em um acidente de carro, ao lado da esposa grávida, de maneira misteriosa, quando se deslocava no interior de Pernambuco. Quando os familiares chegaram a cidade onde foi enterrado, simplesmente não encontraram os corpos para a remoção. Inclusive, o carro utilizado pelo casal era emprestado e o dono do veículo também foi perseguido e foi morto sob tortura. Tudo isso leva a crer que este acidente não foi por acaso e até hoje não temos prova se foi à repressão do Estado, na época da Ditadura Militar”, explicou.

Professora Lúcia Guerra

Bancário, estudante e militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), Luiz Alberto Andrade de Sá Benevides atuava principalmente no estado de Pernambuco e com bastante destaque em nível nacional. No Dossiê de Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil, o paraibano consta como morto ou desaparecido no dia 8 de março de 1972, de maneira clandestina, próximo ao município de Caruaru (PE).

Como depoentes que confirmaram a presença para a audiência pública no final do mês de agosto, estão à irmã do paraibano, Sônia Sá Benevides, ainda viva e residente no Rio de Janeiro; o companheiro do PCBR na Paraíba, Antônio Soares, mais conhecido por “Help” e Ramayana Vaz, da Bahia.

Lei de Anistia – Entre outros temas, foi abordado na reunião o fechamento da programação da Semana da Lei da Anistia. “A lei é comemorada no dia 28 de agosto e precisa ser revista, pois ela é de 1979, criada em uma conjuntura que ainda era da ditadura. Sabemos que muitos não querem que isso aconteça, mas os familiares de mortos e desaparecidos querem muito uma revisão”, disse a professora Lúcia Guerra. Em parceria com o Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) e o Comitê da Memória da Justiça da Paraíba, a Comissão Estadual da Verdade planeja uma série de atividades.

Na reunião, também foi divulgada uma sessão especial que deverá ser realizada na Assembleia Legislativa da Paraíba, em meados de setembro, sobre as causas do atentado a bomba no Cine-teatro Apollo 11, em Cajazeiras, no ano de 1975. “Segundo a história, a bomba colocada embaixo da cadeira no cine seria para matar o bispo da época. Adorador de filmes, justamente neste dia, ele se ausentou para adquirir novas edições e quem sentou na cadeira que ele usava habitualmente foi o soldado Altinho, mais conhecido por Didi. Na explosão, mais duas pessoas saíram feridas: Geraldo Galvão e Geraldo Justino, que adquiriram graves problemas de saúde”, informou Irene Marinheiro, coordenadora dos grupos de trabalho da Ditadura e Gênero e da Bomba estourada no cine.

Na ocasião, irão depor as duas vítimas sobreviventes do ataque e a viúva do soldado Didi, conhecida por Francisca, que reside atualmente na cidade de Campina Grande. “Já realizamos três audiências públicas nos municípios de João Pessoa, Campina Grande e Sapé e nosso objetivo é realizar novos encontros como estes, pois os resultados são sempre surpreendentes e conseguimos coisas inacreditáveis”, revelou Irene.

A Comissão Estadual da Verdade e da Preservação da Memória, instalada no dia 11 de março deste ano, se reúne quinzenalmente. A Comissão foi criada pelo governador Ricardo Coutinho por meio do Decreto nº 33.426/12 e tem a missão de investigar crimes de violação dos direitos humanos praticados por agentes públicos contra paraibanos, durante o período da ditadura militar.

Professora Irene Marinheiro.

Grupos de trabalho – A Comissão Estadual da Verdade conta com a colaboração das atividades permanentes de dez grupos de trabalho, são eles: mortos e desaparecidos, mapa da tortura, a bomba estourada no cine, cassação de mandatos, demissão de servidores, ditadura e gênero, estrutura de repressão, intervenção nos sindicatos, perseguição ao setor educacional e repressão aos camponeses. Diversos voluntários também colaboram com as pesquisas desenvolvidas pelos grupos.

Integrantes – A Comissão Estadual da Verdade e da Preservação da Memória é constituída por sete membros: Paulo Giovani Antonio Nunes (presidente); João Manoel de Carvalho; Irene Marinheiro; Lúcia Guerra de Fátima Ferreira; Iranice Gonçalves Muniz; Fábio Fernando Barbosa de Freitas e Waldir Porfírio. Nomeados pelo governador Ricardo Coutinho, os integrantes têm mandato de dois anos. 

Palácio do Governo do Estado da Paraíba, Terça-feira, 13 de agosto de 2013.









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