BREVE HISTÓRICO DA NAU
CATARINETA DE CABEDELO
A Nau Catarineta é um legado importantíssimo do povo
de Cabedelo, cuja origem do auto popular se perdeu no tempo, ninguém sabe a certo quem
a criou, tanto a parte poética como os seus cânticos e coreografias. Sabe-se
apenas que as primeiras considerações sobre “o Romance da Nau Catrineta” conhecida no Brasil como
Romance da Nau Catarineta é considerada
uma obra prima da literatura popular lusitana que realça a influência de
Portugal na origem deste tipo de manifestação que ainda hoje é apresentada na
Paraíba, em especial na cidade portuária de Cabedelo, sendo o único grupo em
atividade no estado.
Em Cabedelo, a manifestação
popular dirigida por Tadeu Patrício tem se desenvolvido nos quatro cantos do
município através do Projeto Caravana Cultural na Comunidade de forma muito
dinâmica, alegre e criativa como poderemos conferir nas apresentações que o
grupo tem realizado.
Desde 1998 que a Nau Catarineta de Cabedelo foi
resgatada. Todo o processo de revitalização do folguedo foi uma tarefa muito
difícil pelas dificuldades que o grupo folclórico encontrou em ter acesso aos órgãos
governamentais para que incentivassem o Projeto de Revitalização da Nau
Catarineta.
Para
manter viva esta tradição popular com origem no século XVI, cuja dança
folclórica chegou ao Brasil no Século XVIII, na Paraíba em 1903 e, em Cabedelo
no ano de 1910, por via férrea, conduzida em um vagão da Great Westren, oriunda
do município de Santa Rita, cuja brincadeira era dirigida pelo funcionário Basílio
Costa da empresa concessionária inglesa.
De
acordo com relatos de uma antiga moradora da Praia de Ponta de Matos conhecida
por Dona Guilhermina que passou a residir em Cabedelo desde 1909, os primeiros
movimentos para a criação desta brincadeira no lugar aconteceu ao lado da casa
de Antônio do Farol, em um terreno na residência de Paulo Varanda, sendo
dirigida pelo estivador conhecido por João de Tonha. Lembra que o primeiro o
primeiro Grupo Folclórico de Cabedelo foi denominada de “Nau Catita” apesar de
ter um grande barco de madeira para circular nas areias fofas de Cabedelo.
Ressaltou
o mestre Tadeu Patrício que é importante destacar na programação dos 101 anos
de fundação do auto popular nomes dos seus principais fundadores, a exemplo:
Valdivino Carlos Morais, João de Tonha, Paula Varanda, Júlio do Beco, Marieta
Saloia, essas pessoas foram os primeiros brincantes da Barca de Cabedelo, que
de acordo com relatos dos mais antigos moradores de Cabedelo, era costume se
apresentar na Rua do Arame, outrora rua do meretrício, hoje atual Rua Ismael
Farias em Cabedelo. Este grupo permaneceu firme até de 1914. A partir de
1916, o grupo passou por uma reorganização, ingressaram novos brincantes e
recebeu apoio de um comerciante cabedelense conhecido Pedro de Ofrásio que
seguiu firme com o grupo até 1937.
Já
no inicio da década de 1940 o grupo passa por outra grande renovação recebendo novos
componentes, a exemplo de José Paulino e João de Zacarias que chegou a ocupar o
cargo de mestre da brincadeira. Nessa mesma época ingressaram no grupo Antônio Paulo, Santino Paulo, Severino do Beco
e Luís de Góis que era um comerciante bastante conhecido em Cabedelo chegando a ocupar o cargo de vereador em 1969. Nessa época os ensaios aconteciam na Rua
Cleto Campelo, por trás da casa de Antônio Paulino, segundo contava o mestre Moacir
Caetano.
Na década de 50 o grupo manteve-se em plena
atividade graças o apoio do saudoso Padre Alfredo Barbosa que ofereceu o pátio
da casa paroquial para a realização de ensaios, além do irrestrito apoio do
folclorista Tenente Lucena que levou o grupo para se apresentar em vários
capitais brasileiras e cidades do interior do Estado da Paraíba.
Já
na década de 60 o grupo da Barca de Cabedelo pode contar com o apoio do
dramaturgo e folclorista Altimar de Alencar Pimentel que muito contribuir com a
divulgação da Barca de Cabedelo, além do apoio do atual presidente da Comissão
do Folclore no Estado, professor Osvaldo Trigueiro, bem como do produtor
musical Marcos Vinícius que contribui junto com a Universidade Federal da
Paraíba na produção do LP da Barca de Cabedelo em 1972.
Em
1985, o grupo da Barca de Cabedelo pode contar com o apoio do Projeto de Extensão
de Educação e Apoio Cultural da Universidade Federal da Paraíba, coordenado
pelo professor Silvino Espínola e do cineasta Manfredo Caldas que documentou o
auto popular em película de 36 mm produzindo um filme sobre a Nau Catarineta que
foi premiado em festivais de cinema de cidades como Gramado (SC) e Brasília
(DF).
Para o mestre Tadeu Patrício, resgatar a Nau
Catarineta de Cabedelo, não é somente revitalizar um grupo folclórico. Este
resgate significa muito mais do que isto. Significa contribuir para o
desenvolvimento da cultura do povo paraibano e divulgar o potencial turístico
do nosso Estado.
Entre final dos anos 80 e início dos anos 90 a Nau
Catarineta de Cabedelo passou por uma grande tormenta mais resistiu à falta de
incentivo e apoio a cultura popular. Após uma década parada as suas atividades
de ensaios e apresentações o grupo finalmente retomou suas atividades através
do empenho e dedicação do agente cultural Tadeu Patrício que contou com o
irrestrito apoio do amigo e mestre Hermes Nascimento, cujo folclorista
incentivado por Tadeu Patrício pode retornar ao grupo, de onde tinha se
afastado por desmotivação de problemas existentes no grupo na década de 80.
Estimulado por Tadeu Patrício, o mestre Hermes
Nascimento retomava a brincadeira para revitalizar conjuntamente com Tadeu
Patrício o autor popular, proporcionando aos novos e antigos brincantes uma
nova página na história tradicional e dinâmica brincadeira da Barca de
Cabedelo. Hermes Nascimento tão logo foi ensinando os cânticos e coreografias
para que o folguedo pudesse chegar novas gerações para fazer uma simples
demonstração do que é a Barca da Paraíba, assim denominada por muitos
cabedelenses.
Em
1998, o Projeto de Revitalização da Nau Catarineta contou com o apoio cultural
da Prefeitura Municipal de Cabedelo, através do ex-prefeito Edésio Rezende, Maria das Graça Carlos Rezende (primeira dama); Professora Maria Ramos (Secretário da Educação Municipal); Governo do Estado da Paraíba (José Targino Maranhão); Secretário da Educação Estadual (Dr. Carlos Mangueira) e do presidente da Fundação Fortaleza de Santa Catarina (Professora Osvaldo da Costa Carvalho). Depois o apoio continuo com o ex-prefeito do PT (Dr. Júnior Farias) e o Subsecretária da Cultura em Cabedelo (Professor Fernando Abath). A estas personalidades, nossa eterna gratidão porque foram sensíveis a cultura popular ao atender as nossas reivindicações existentes no orçamento público. Pois entendemos a cultura como um direito da sociedade e jamais despesas públicas.
A Nau Catarineta é uma dança folclórica dividida em 04 (quatro)
jornadas, onde cada Jornada Narra um Episódio de Aventura Náutica das
conquistas portuguesas no Novo Mundo, incluindo Costa da África e a Índia.
O Auto Popular é um bailado dramático, de inspiração marítima, cujas
coreografias são desenvolvidas pelos seus brincantes de forma que os movimentos
estabeleçam o balanço do mar, ora agitado, ora em calmarias ou maretas.
Portanto,
vamos todos juntos, governo e sociedade preservar a cultura popular, para que
ela não seja manchete de livros, de velhos jornais ou documentários de cinema
nacional.
Tadeu Patrício, mestre em cultura
popular.
Assisti a íntegra do espetáculo no último sábado. Fiquei encantado. Vou entrar em contato com você, pois tenho uma encomenda para escrever uma peça sobre o tema da Nau Catarineta. Vou telefonar para você para acertarmos uma hora para conversarmos. Um grande abraço e meus parabéns pelo resultado do seu trabalho. Ronaldo Monte.
ResponderExcluir