Espetáculo - As cartas de Anayde
“As cartas de Anayde” é uma montagem teatral do Grupo de Teatro da
ADUFPB, Sindicato dos Professores da UFPB. O espetáculo surgiu a partir de uma
oficina de teatro oferecida pela ADUFPB em maio de 2013 e estará em cartaz nos dias 06, 07, e 08 de dezembro, sexta-feira, sábado
e domingo, às 20 horas na Sede Social da ADUFPB – Sindicato dos Docentes da
UFPB, na Rua Gilvan Muribeca, 88 – Cabo Branco – João
Pessoa, com entrada gratuita. O texto é de José Flávio
Silva, direção de Carlos Cartaxo. O elenco é formado por Anadete Alves do Nascimento,
Ananda Freitas, Georgina Furtado, Laura Sitcovsky, Paulo Medeiros, Sevi Faustino e
Waglânia Freitas.
O texto é do
professor de filosofia e escritor José Flávio Silva, baseada no livro
"Anayde Beiriz - Panthera dos olhos dormentes" do médico e
escritor Marcus Aranha. Esse texto teatral fala de uma Anayde intelectual,
leitora, apaixonada, feminina e moderna, o que a fazia uma mulher além do seu
tempo. A peça, assim como o livro, aborda a troca de correspondência entre
Anayde e o homem que foi verdadeiramente seu grande amor: o estudante de
medicina Heriberto Paiva. O livro teve como fonte de pesquisa o próprio diário
de Anayde, intitulado "Cartas do meu grande amor - Dolorosas
reminiscências do sonho desfeito da minha mocidade", ao qual Marcus Aranha
teve acesso e se inspirou para escrever o livro. A família de Anayde autorizou
Aranha a publicação das cartas. Do livro, Flávio Silva escreveu o monólogo “As
Cartas de Anayde”.
A encenação é de
Carlos Cartaxo que é Doutor em Artes Visuais e Educação pela Universidade
de Barcelona (2013). Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal
da Paraíba (1987). Especialista em Educação Superior pela Universidade da
Amazônia (1992) Possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade
Federal da Paraíba (1983) e graduação em Educação Artística pela Universidade
Federal da Paraíba (1987). Atualmente é professor efetivo da Universidade
Federal da Paraíba. Tem experiência na área de Artes, atuando principalmente
nos seguintes temas: Artes Cênicas, com dezenas de peças encenadas e como ator
e autor teatral; Artes Visuais, com artigos, exposições e cenários projetados;
educação, como professor do ensino fundamental, médio e superior. Tem
vários livros escritos. Dentre eles, o romance “A família Canuto e a luta
camponesa na Amazônia” que foi agraciado com o Prêmio Jabuti de Literatura da Câmara
Brasileira do Livro.
Cartaxo buscou, nesse
trabalho, uma narrativa que fortalece a poética no que concerne ao diálogo
literário entre Heriberto Paiva e Anayde Beiriz. O forte é carga dramática que
as cartas conduzem. Todo trabalho de interpretação foi construído a partir das
metáforas e entrelinhas que a literatura produzida por anayde e Heriberto
transmitem.
Segundo Carlos
Cartaxo, "encenar um texto cujo foco é Anayde, é abrir o debate em que a
mulher se posiciona como elemento central na sociedade pós-moderna".
Segundo Cartaxo, "A Anayde que a peça aborda, não é aquela que foi esteve
no meio do conflito político entre João Dantas e João Pessoa. Muito menos
aquela que Tizuka Yamazaki trata, equivocadamente, no filme “Parahyba mulher
macho”, como amante de João Dantas. Mas, a mulher à frente de seu tempo na
década de 20 do século passado, escritora e leitora ávida, intelectual que
frequentava saraus poéticos e foi apaixonada pelo estudante de medicina
Heriberto Paiva. O rapaz estudava no Rio de Janeiro e ela morava em Parahyba do
Norte. A distância fazia do namoro uma troca de cartas de amor, declarações e
projetos de construção familiar. Todavia, a intelectualidade que fazia par à
sensibilidade de Anayde, provocou o rompimento na relação amorosa do casal. A
peça foca a mulher dinâmica, professora, que rompia paradigmas até com seu
corte de cabelo.” Cartaxo enfatiza que: “Essa é a Anayde que poucos conhecem,
entretanto deve-se focá-la, reparando a história. Por isso o Grupo de Teatro da
ADUFPB traz à cena, uma mulher, professora
e escritora que frequentava os círculos literários de vanguarda de Parahyba do
Norte da década de 20, século passado, (hoje João Pessoa), que merece ser resgatada como um símbolo intelectual do povo paraibano”.
Cartaxo lembra que a
constituição paraibana sugere um plebiscito sobre a mudança do nome da capital,
plebiscito que nunca foi feito. Segundo ele, “de fato não é mudar o nome da
capital, mas resgatar o nome Parahyba, que histórica e culturalmente lhe
pertenceu por mais de 300 anos”. Cartaxo enfatiza que a peça “As cartas de
Anayde” tem o papel de trazer à tona o debate, acender a chama para que a
constituição seja respeitada e o plebiscito seja realizado. Além de rever a
criação literária de Anayde Beiriz que foi
renegada, vítima do conflito político entre João Dantas e João Pessoa, e do
moralismo da época que a condenou desrespeitosamente, imputando inverdades
sobre a mulher que revolucionou os costumes de Parahyba e, consequentemente, foi
considerada à frente de seu tempo.”
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