“Sou
filho desta terra por que tenho que explicar? Aqui é muito mais bonita a lua
cheia quem vem pra vê teima em ficar. Se um dia outra terra escolher para
morar, tem que ter muito mais, um rio se encontrando com o mar... Lá das bandas do Sanhauá corre, corre mansamente, o rio Paraíba que ferido
de manchas pretas já não pode mais navegar"...
É
mergulhando nos versos do compositor Tadeu Patrício que faço uma reflexão por que
moro em Cabedelo? Cidade portuária, onde hoje convivo com a amargura e o
sofrimento da população com a importação do coque de petróleo que dá sinais de franca expansão, sem controle de órgãos ambientais e com fortes impactos na
população e no meio ambiente. Até o ano passada convivíamos com apenas uma
fábrica de cimento. Agora já está firmado o protocolo para mais 4 fábricas
cimenteiras e de cerâmica que já está em fase avançada de instalação para
utilizar esse combustível.
O
Estado da Paraíba, pelo seu atraso e desarticulação com a economia nacional e
globalizada foi "escolhido" para essa alternativa a partir do Porto
de Cabedelo. Os estragos e a anulação de outras alternativas de desenvolvimento
para esse município cheio de oportunidades de desenvolvimento turístico e de
serviços tendem a ser grandes e graves.
A
administração do Porto de Cabedelo atua como testa de ferro e grande
articulador dessas empresas que buscam vantagens econômicas a partir de uma
matriz suja e altamente poluente a partir do coque de petróleo. Atualmente a
população está em luta contra o projeto do DNIT que pretende retirar dezenas de
imóveis residenciais e comerciais de todo perímetro urbano da cidade de
Cabedelo para duplicar a BR a fim de atender à demanda de passagem de caminhões
carregados de coque e outras matérias energéticas, com estimativa de 3000
caminhões por dia, agravando ainda mais a qualidade de vida da população.
A
sociedade está tentando reagir. A partir das parcas condições de organização no
município de Cabedelo e em no Estado da Paraíba estamos tentando chamar a
atenção da imprensa e quiçá de outras regiões para esse problema. E vamos também
cobrar a responsabilidade dos órgãos de controle federal e estadual e, iniciamos
uma boa articulação como o Ministério Público Estadual e Federal.
A
sociedade civil organizada, conjuntamente com os moradores, comerciantes, estudantes
e juventude cabedelense criou o Fórum de
Defesa Ambiental e Urbana de Cabedelo
que sempre está se reunido para debater o problema da sujeira deixada pelo petecook,
escória e clinquer. Nesses encontros há uma grande participação da população e tem contado com a presença do Prefeito de Cabedelo, de Vereadores, de Secretários Municipais, dos vigários de Cabedelo, e outros agentes públicos para
discutir o assunto. Vamos tentar definir uma agenda de mobilização com um
calendário de ações para chamar a atenção do governo do Estado da Paraíba e da
bancada dos deputados federais e senadores da república do Brasil. Toda
Cabedelo está empenhada para vencer esta batalha no sentido de chamar à atenção
dos poderes e órgãos constituídos para as suas respectivas responsabilidade, assim
vamos construindo o movimento e fortalecendo a luta através da sociedade cabedelense
em contraposição a esse processo que marcha na contramão da sustentabilidade e
do esforço para alternativas de energias limpas e renováveis. Não queremos o progresso pelo progresso, mas o desenvolvimento com sustentabilidade e repeito a vida e os direitos dos cidadãos.
Esperamos
contar com a participação de todos. Vamos à luta por um Cabedelo limpo e
saudável!
Cordialmente,
Ernesto Batista e Tadeu Patrício.
Fórum de Defesa Ambiental e Urbano do Município
de Cabedelo.
Consequencia do cabide de empregos e pessoas que gerenciam ,sem conhecimento de causa. Isso é Brasil!!!
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